M` Boi Mirim

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nova Licitação do Transporte Urbano da cidade sairá próxima semana

Haddad garante que licitação de ônibus inicia na semana que vem
Lucro das empresas, frota e linhas vão ser alteradas

ADAMO BAZANI – CBN

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, garantiu em visita à Casa do Saber, ontem, na zona Sul de São Paulo, que até próxima semana finalmente será publicado o edital de licitação do sistema de transporte público municipal por ônibus na Capital Paulista.

É o maior sistema de ônibus do mundo, hoje com 15 mil veículos, que transportam diariamente 9 milhões de pessoas, contanto com as integrações com o Metrô e com a CPTM.

Segundo a RBA – Rede Brasil Atual, Haddad voltou a garantir no evento que o lucro dos empresários de ônibus será reduzido com o certame, mas dentro do que é necessário pelo mercado.

“A licitação é de 20 anos é nós queremos uma taxa interna de retorno para os editais, garantindo que o lucro do empresário fique dentro (de limites aceitáveis)”, afirmou.

De acordo com auditoria externa contratada pela prefeitura de São Paulo, feita pela empresa Ernest & Young, ao custo de R$ 400 milhões após licitação, a TIR – Taxa Interna de Retorno das empresas de ônibus é de 18,6%, muito próxima do que a licitação de 2003 estipulou, que era de 18%. Na ocasião, durante a apresentação da auditoria, o secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, comentou que a TIR deve ficar em torno de 7%, índice aplicado na maioria das concessões atuais do País. Relembre:

 https://blogpontodeonibus.wordpress.com/2014/12/11/auditoria-ernest-young-reducao-do-lucro-das-empresas-fim-do-modelo-de-cooperativas-e-viacoes-estrangeiras-em-sao-paulo/

Tatto era secretário de transportes na licitação de 2003, gestão de Marta Suplicy.

Haddad espera atrair novos competidores para o segmento de transportes públicos na cidade.
Para isso, voltou a enfatizar que a desapropriação dos terrenos das garagens, hoje das empresas de ônibus, vai estimular o interesse de outros grupos pelo contrato de cerca de R$ 120 bilhões por 20 anos.

“Nós baixamos decretos de utilidade pública de todas as garagens da cidade … Quem ganhar vai poder pedir para desapropriar a garagem para ele entrar.” – disse Haddad.

Ou seja, se os atuais operadores ganharem podem não pedir a desapropriação.
Vale ressaltar que hoje as garagens não foram desapropriadas e sim colocadas como áreas de utilidade pública para fins de desapropriação.

MERCADO APOSTA EM POUCAS ALTERAÇÕES:

Mesmo com discurso do prefeito e do secretário municipal de transportes, o mercado aposta em poucas alterações na estrutura empresarial na cidade de São Paulo.

O modelo de cooperativas não vai mais existir. No entanto, estas cooperativas do subsistema local se transformaram em empresas para a licitação. Em alguns casos, ex-cooperados reclamam que diretores teriam feito a transformação sem total anuência dos donos de ônibus e micro-ônibus.

Já as empresas do subsistema estrutural, as linhas com ônibus maiores, são comandadas por poucos grupos, como de José Ruas Vaz, que detém 54,3% deste subsistema de forma única ou como sócio, com empresas como Viação Campo Belo, ViaSul, Viação Cidade Dutra, Vip, Ambiental Transportes, entre outras, de Belarmino de Ascenção Marta, da Sambaíba Transportes Urbanos e família Gatti, da Viação Santa Brígida.

O mercado acredita ser muito difícil desbancar estes grupos empresariais.
Além disso, na semana passada, durante a apresentação de ônibus superarticulados de 23 metros com ar-condicionado e wi-fi para corredores, a SPTrans – São Paulo Transporte informou que a partir de julho serão colocados cem veículos por mês deste tipo de veículo, chegando a meta de 2,5 mil ônibus até 2017.

Cada ônibus, nesta configuração, custa em torno de R$ 800 mil. Seria um investimento muito grande sem a certeza de retorno.

Em vez de oito consórcios e 11 cooperativas, como era o modelo resultante da licitação de 2003, agora a cidade deve ter SPE – Sociedade de Propósito Específico, uma entidade jurídica que responderá à prefeitura e vai congregar diversas empresas participantes.
Oficialmente, a prefeitura não adiantou o total de SPEs, mas o mercado aposta em três ou quatro, sendo uma delas reunindo ex cooperativas.

REORGANIZAÇÃO DAS LINHAS E FROTA:

Outra aposta de empresários, especialistas, técnicos e fornecedores ouvidos pelo Blog Ponto de Ônibus sob a condição de preservação de fonte, é de que a frota de veículos, hoje em torno de 15 mil ônibus e micro-ônibus, deve ser reduzida gradativamente na medida que avançarem as reorganizações das linhas. Uma das estimativas é de que o número de ônibus caia em três anos para 11 mil veículos.


VEÍCULOS LIMPOS:
Teoricamente, o edital vai exigir a colocação de uma frota limpa. Mas o mercado aposta que, apesar de haver perspectiva do aumento de ônibus menos poluentes, como os elétricos híbridos, e não poluentes, como os totalmente elétricos, esta não será a principal preocupação do poder público. A rede de trólebus não deve ser ampliada.

A lei de mudanças climáticas que prevê 100 por cento de ônibus ambientalmente amigáveis até 2018, não deve ser cumprida. Ao Blog Ponto de Ônibus e à Rádio CBN, o secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, admitiu em 16 de abril que a lei não deve ser cumprida. Tatto, no entanto, diz que os empresários que colocarem ônibus com tecnologia alternativa ao diesel terão uma remuneração maior:

https://blogpontodeonibus.wordpress.com/2015/04/16/entrevista-prefeitura-admite-que-nao-vai-cumprir-lei-de-frota-limpa-ate-2018/

A licitação deve ser complexa. É inconsequente acusar o processo que ainda vai ser iniciado de “jogo de cartas marcadas” ou que será feito só para agradar aos empresários. Mas, o mercado não aposta em alterações profundas.

Matéria de  Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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